domingo, 13 de julho de 2008


Fátima Bernardes faz alerta às mulheres para evitar doenças graves

Ela teve um pequeno problema no seio, sofreu uma cirurgia e já está recuperada. Quais são os cuidados que a mulheres devem ter com a saúde? Patrícia Poeta conversou com Fátima Bernardes, que acaba de passar por um susto. Ela teve um pequeno problema no seio, sofreu uma cirurgia e já está recuperada.

 

Fátima Bernardes faz questão de alertar as mulheres para cuidados básicos que podem evitar doenças graves. A prevenção, a importância do diagnóstico precoce, a rapidez no tratamento. O que você precisa saber para ter uma vida saudável?

 

A apresentadora do Jornal Nacional passou por um susto. Ao chegar em casa, depois de apresentar o telejornal, no dia 20 de maio, ela percebeu algo diferente na hora em que foi trocar de roupa.

 

"De início, o que eu tive foi ver no sutiã uma manchinha menor que uma moedinha de dez centavos e que era me parecia transparente. Uma manchinha que marcou, o sutiã era claro, então, aquela região ficou mais escura. Se fosse um sutiã mais escuro, eu não teria visto", contou Fátima Bernardes.

 

Patrícia Poeta – O que teve exatamente?

 

Fátima Bernardes - Eu liguei imediatamente para minha médica e ela disse: "Venha aqui amanhã". No dia seguinte, ela já imaginou: "ah, isso deve ser uma dilatação do duto mamário, que é o canalzinho por onde passa o leite, quando você amamenta".

 

PP - Você fez os primeiros exames?

 

FB - Fiz o primeiro exame, que é um exame que você faz em uma lâmina com o material que sai da secreção. E dava benigno. Fiz o ultrassom e só se via o alargamento dos canais. Fiz uma ressonância, que permite ver por dentro. E foi aí que deu para observar a parte líquida. Já se percebia alguma coisa assim como a albumina que é a proteína do leite.

 

PP - Por que você precisou operar?

 

FB - Primeiro, para ter 100% de certeza de que lá, no fim deste duto, não tinha nenhuma célula modificada. E não tinha. Segundo, porque não é muito agradável você, a qualquer momento, ter uma produção de uma secreção espontânea, que pode gerar uma inflamação. Hoje que eu tenho 100% de certeza, eu sei que aquele problema não evoluiria para um câncer.

 

PP - Como é que está a sua recuperação hoje?

 

FB - Eu estou muito bem. Foi bom este período, porque, nesta última semana, eu pude tirar pontos e mexer melhor os braços, porque eu gosto muito de falar com os braços. Eu estou me sentindo muito bem para voltar. Eu estou muito bem.

 

PP - Você ficou assustada em algum momento?

 

FB - Claro que você leva um susto. Enquanto você vai fazendo os exames, já começa a pensar se for algo mais grave, o que você vai fazer, o que você vai dizer, no que aquilo vai afetar a sua vida pessoal, com seus filhos, com a sua casa, com seu marido, com seu trabalho. Então, eu acho que toda essa parte é muito pior do que depois, o que foi no meu caso, porque eu pude resolver e zerar esta parte. Infelizmente, as pessoas ficam imaginando sempre que, se você tem alguma coisa no seio, ele vai se transformar no câncer. Não é sempre assim, não é isso, mas é claro que eu queria resolver aquele problema logo.

 

 

 

 Lições

O caso de Fátima Bernardes traz duas lições muito importantes para saúde da mulher: A primeira é que nem todo problema no seio é câncer. Existem quatro alterações ou doenças de mama que são comuns entre as brasileiras.

 

A segunda lição é você conhecer e estar atenta ao próprio corpo. Algo que poderia ser simples, só que as vezes acaba esquecido na correria do dia a dia.

 

"Eu nunca fiz o exame de mama", contou a costureira Ivonete Felipe Néri. A doméstica Jussara Cardoso diz que tem mais de quatro anos que não faz o exame, porque não sente nada.

 

A diretora de escola Eunice Bastos conta que sua mãe teve câncer de mama e ela ficou com pavor. "Sei que eu estou errada, eu acho que todas as pessoas devem fazer sim. Eu vou romper essa barreira e vou fazer", comentou ela.

 

Só neste ano, 49 mil mulheres vão ficar sabendo que têm câncer de mama. Serão 51 casos para cada 100 mil mulheres. A maior incidência do câncer acontece entre 45 e 60 anos. Antes dos 35 anos, são cerca de 10 a 15% dos casos.

 

É a doença que mais mata mulheres no Brasil. Em 2006, no último levantamento do Ministério da Saúde, 9.748 brasileiras, acima de 40 anos, morreram de câncer de mama.

 

"A mulher precisa saber como é a mama dela para que, se tiver alguma diferença, ela dá o alerta. Porque se tiver, por exemplo, se ela tem a mama feito grão de ervilha ela já sabe que aquilo é normal. Agora, aquela que não tem nada, se aparecer algo igual a uma ervilha, ela tem que procurar um médico", destacou o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ezio Novais.

 

 

 

 Outras alterações

O nódulo é o sinal que mais chama a atenção da mulher. Mas é bom lembrar que existem outras alterações de mama benignas, que também devem ser observadas.

 

Da adolescência até os 25 anos, as mulheres precisam observar pequenos nódulos, conhecidos como fibroadenomas. É possível movimentá-los quando apalpamos a mama.

Já entre 30 e 40 anos, os cistos são bem comuns. Eles podem ser detectados no ultrassom.

 

É simplesmente uma fase da vida que a mama começa a absorver líquido, forma os cistos, que são como se fossem pequenas bolsas de água. Podem ter de meio centímetro até cinco centímetros e raramente tem uma conotação com câncer.

 

Há também as mastites, inflamações que incham as mamas principalmente depois do parto. O tratamento é simples: compressas e analgésicos. Depois dos 50 anos, outro tipo de inflamação acontece nos mamilos. Ela causa secreção espontânea de um líquido branco, esverdeado ou amarelado. Medicamentos podem resolver o problema.

 

Também na meia- idade, os nódulos benignos reaparecem. São acúmulos de gordura que não oferecem perigo. A chance deles serem malignos é de 1%, muito remota. E, se você fizer o exame semestral, intervindo no menor crescimento, você consegue tirar tumores bem pequenos, não modificando a vida da paciente.

 

Só com os exames é possível detectar precocemente esse 1% nódulos malignos.

 

 

 

 Exames preventivos

Valéria começou a fazer os exames preventivos aos 36 anos. Em uma mamografia de rotina, ela descobriu um câncer logo no início. Por isso, não precisou retirar a mama.

 

"O meu câncer foi dentro do ducto mamário. Ele não tinha ainda ligação direta com a corrente sanguínea. Isso me propiciou que só retirasse toda a área contaminada, que tinham as microcalcificações", contou Valéria.

 

Em alguns casos, a mamografia não revela os tumores. É preciso fazer o ultrassom. Uma vez que achamos o nódulo, vamos procurar investigar quanto ao contorno dele, a forma, o limite que ele tem, a medida e, principalmente, a localização exata que é. O que vai auxiliar o médico que está recebendo o exame para, então, prosseguir a investigação sobre esse nódulo.

 

 

 

 Sinais

A Sociedade Brasileira de Mastologia avisa: além dos nódulos duros, o câncer pode dar outros sinais:

 

- Retração de pele, principalmente quando a mulher levanta os braços;

 

- Descamação e coceira em apenas uma das mamas, ou a saída de líquido transparente ou com sangue de um dos mamilos.

 

Quando sai um liquido da mama, espontaneamente, de ducto único, transparente, cor de água de rocha ou sanguinolento, há indicação de cirurgia. Você pode pedir o exame que você quiser, mas a cirurgia está indicada.

 

 

 

 Alteração

Foi exatamente o que a Fátima fez. Depois da cirurgia, ela soube que a secreção sinalizava apenas uma alteração benígna da mama.

 

Patrícia Poeta - Por que você resolveu dividir com o público algo tão íntimo, tão pessoal?

 

Fátima Bernardes - Eu, infelizmente, não posso dividir mamógrafos e ressonâncias com as pessoas, mas informações a gente pode dividir. Tudo isso que eu aprendi, eu acho que eu tenho o dever de dividir. E com isso, hoje, alguém em casa, vai, ao se trocar, prestar um pouquinho mais de atenção e tentar de alguma forma se ajudar.

 

PP - Qual é mensagem que você deixaria que para as mulheres que estão assistindo o fantástico agora?

 

FB - Eu acho que apesar de tudo, de todas as dificuldades que as doenças possam trazer para a gente, eu deixaria que a gente tente se observar, se conhecer, se analisar, fazer os seus exames, que as que podem fazer os seus exames que façam, que todas façam o auto-exame, que todas façam, que se observem.

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Extraído do G1

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sábado, 5 de julho de 2008


Congresso Mundial de Mulheres

Madri, 4 jul - Especialistas de mais de 100 países participam do 10º Congresso Mundial de Mulheres que hoje foi aberto em Madri com o lema de "A igualdade não é uma utopia" e no qual foram debatidos assuntos como as redes de imigração, a exploração do trabalho de imigrantes e a violência.

Na inauguração do fórum, que termina dia 9, a ministra de Igualdade espanhola, Bibiana Aído, ressaltou que o lema do Congresso expressa o valor da política na construção de uma sociedade mais justa porque "a igualdade não é uma opção, mas uma exigência que se deve fazer aos poderes públicos".

Aído lembrou que as grandes revoluções, que para ela são as que tem a capacidade de mudar a mentalidade das pessoas, superar os padrões herdados, aumentar o sentido crítico e forçar a transformação das coisas, surgem dos debates gerados na sociedade.

Por isso, disse que "a qualidade da ação política" de um país depende de sua capacidade para estar "continuamente atento" aos debates e exigências que ocorrem na sociedade e nos foros de conhecimento, que são os que promovem os avanços sociais.

"A força das idéias é o que constrói um mundo melhor e por isso este congresso é tão importante", comentou.

Segundo Aído, "porque a reivindicação da igualdade plena e real, para que cada mulher tenha reconhecidos seus direitos de cidadania e possa ser dona de seu próprio destino, é uma tarefa que necessita de empenho, vontade, energia e determinação" de todos.

No mesmo fórum, a presidente do Tribunal Constitucional, María Emilia Casas, lembrou que neste Congresso serão analisados "sob uma perspectiva de gênero" assuntos tão importantes como a imigração, a incapacidade e a violência de cunho machista.

Em seu discurso, Casas advertiu que as novas tecnologias, a globalização, o crescente individualismo e a fragmentação dos mundos sociais são aspectos recentes que, longe de combater as desigualdades, podem piorá-las.

Por isso, defendeu um maior envolvimento social e político para avançar na igualdade e acabar com as discriminações que ao longo da história foram criadas sob o pretexto de "classe, raça, nacionalidade e sexo".

Para ela, na Espanha é necessário "repensar o emprego" para conciliar a vida no trabalho com a familiar, reavaliar as condições de trabalho e o tempo que dedica a essas áreas, reconsiderar as retribuições, e mudar conceitos tão execráveis como "que o trabalho feminino é reprodutivo e a masculino produtivo".

Durante o evento, o Centro Europeu pelos Direitos do Povo Cigano (ERRC, na sigla em inglês) lançará neste sábado uma campanha global contra a esterilização forçada das mulheres e para exigir compensações às que sofreram com essa prática.

O objetivo prioritário desta iniciativa é que os Governos envolvidos "peçam desculpas, que aceitem e que dêem compensações", disse hoje à Agência Efe o responsável pelos assuntos relacionados à mulher do Centro Europeu pelos Direitos do Povo Cigano, Ostalinda Maya.

A organização espera que todas as associações de mulheres e entidades de defesa dos direitos humanos se somem a esta campanha "para pedir justiça" não só para as mulheres de etnia romani, mas para as que, em alguns países, são esterilizadas sem consentimento por sofrer de alguma invalidez psíquica ou por ser transexuais.

O 10º Congresso de Mundos de Mulheres, - organizado pela Universidade Complutense de Madri e no qual participam mais de 3 mil pessoas -, se ocupará nesta edição de questões e problemas fundamentais que afetam hoje a vida das mulheres.

A cidadania, os desafios do feminismo, as ações política e legal, migrações, desigualdades, violência de gênero, luta pelos direitos humanos, globalização, saúde das mulheres ou incapacidade, serão alguns dos temas abordados durante o encontro.

O fato curioso do dia foi proporcionado pelo secretário de Estado de Universidades, Márius Rubiralta, que encerrou seu discurso desejando "a todos um trabalho frutífero" e logo depois de corrigiu dizendo "a todas e todos, para que na próxima vez um secretário de Estado não se confunda desta maneira". EFE

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